Nada fácil no espaço

Ivan de Souza 16.6.17
Sabemos que o espaço e o organismo humano são coisas que não combinam, mas o corpo humano se adapta notavelmente bem. Basta poucas horas e o cérebro ajusta-se à falta de um alto ou baixo, como se flutuar fosse tudo o que já conhecia. Agora, pesquisadores estão estudando como o nosso relógio interno se ajusta de forma igual às restrições espaciais. Uma experiência com parceria da ESA (sigla em inglês para Agencia Espacial Europeia) descobriu que, se pode tirar o corpo da Terra, mas não se pode tirar um ritmo baseado na Terra do corpo.
Astronauta Samantha com o sensor Thermolab/td>
No núcleo do corpo
Ritmos circadianos descrevem as mudanças que os nossos corpos experimentam durante cerca de 24 horas. Este relógio interno é regulado pela temperatura do nosso organismo, que diz aos nossos corpos quando é dia ou noite, o ciclo do sono é uma de suas consequências.

Na Terra, a temperatura do nosso núcleo corporal é de 37°C, com redução (comumente) de meio grau no início da manhã e aumento no início da noite.

“Se os nossos corpos são uma orquestra, a temperatura central do corpo é o maestro, indicando por sinais quando as hormonas e outras funções sistémicas devem entrar em jogo”, explica o Dr. Hanns-Christian Gunga, da Universidade de Berlim (ALE), pesquisador principal da experiência.


O que acontece no espaço? Os investigadores previram que a falta regular de luz solar e o ambiente artificial da ISS (Estação Espacial Internacional) a enfraqueceria. Melhor dizendo, a temperatura do organismo cairia e o corpo humano perderia o seu ritmo.

Para testar essa hipótese, 10 astronautas mediram as suas temperaturas internas durante períodos de 36 horas antes, durante e após o voo espacial, usando dois sensores presos às suas testas e ao tórax.

Os resultados têm surpreendido os pesquisadores. A temperatura do núcleo do corpo aumentou globalmente, e as flutuações de meio grau dentro de 24 horas mudaram gradualmente em cerca de duas horas.

Para manter o ritmo em marcha, o corpo trabalha mais e funciona a uma temperatura bem mais quente. Os desencadeantes para comer, metabolizar e dormir, por exemplo, mudam tendo isso em conta. Os pesquisadores ainda não sabem, por enquanto por que é que isto acontece, mas estes resultados iniciais têm implicações importantes.

Os astronautas têm turnos de trabalho, com horários apertados, isso para garantir que trabalhem quando estão mais alertas e focados e descansam quando precisarem.
Temos que entender e antecipar ritmos circadianos aprimorados durante o voo espacial. Os controladores da missão podem então planear mais eficazmente missões mais longas, de modo a garantir que os astronautas se mantém saudável e eficiente.

O papel da temperatura central no ajuste dos nossos relógios internos também sugere importantes caminhos de pesquisa para estudos sobre trabalho por turnos na Terra. O sensor (não-invasivo), desenvolvido para medir a temperatura na estação, também pode ser usado para controlar, convenientemente, a temperatura interna em clínicas ou estudos de campo.

O astronauta da ESA, Paolo Angelo Nespoli, será o próximo astronauta a participar este ano, seguido do astronauta japonês Norishige Kanai em 2018, quando a experiência terá coletado todos os seus dados e mais conclusões podem ser inferidas.

Fique atento.

Pesquisador, entusiasta da ciência, e divulgador cientifico. Autor de vários sites e blogs de Ciencia, entre eles o Astrumphyca.org.. Ateu, é defensor fervoroso do secularismo na educação e na politica.

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